terça-feira, 12 de maio de 2015

Sobre o ser professor performer

Logo mais, logo mais mesmo, completarei um ciclo cabalístico em minha jornada como professora na PUC/SP. Lá se vão treze anos de história e escrita pessoal. São muitos os ex-alunos, poucos os que se tornaram de fato meus amigos (tesouro precioso nos dias de hoje).
Treze anos daquele dia em que o Cohen me chamou pra acompanhá-lo no Festival de teatro de Rio Preto, com alguns alunos do curso Comunicação das Artes do Corpo. A alegria e o medo de orientar, no alto dos meus 25 anos, me dava a adrenalina exata pra me manter alerta, na busca. Se ele acreditava em mim, quem era eu pra discordar...

Nem sei como fui dar aula no meu primeiro dia... A pé da minha casa na Lapa até Perdizes, cabeça raspada e calça jeans rasgada. Cheguei na secretaria e perguntei por minha sala. A secretária, incrédula, me passou a informação. Fiquei por muitos anos sendo confundida com aluna e às vezes até tendo que mostrar minha carteirinha da biblioteca.
Minha disciplina se chamava "Práticas da Performance" e era para o quarto ano, primeira turma que se formava no curso. Obviamente Cohen me passou o programa da disciplina e me orientou sobre aulas práticas. Mas estar ali, sozinha com os alunos, na Puc de São Paulo, era muito foda. Mostrei meu portfólio, falei a que vinha, e fui, aula a aula, desfiando meu repertório de exercícios, treinamentos físicos, vivências.
Era muita intensidade, ingenuidade e vontade, de ambas as partes.
Aprender a dar aula de performance, fazendo performance. Loucura de pedagogia, metodologias de risco, rituais, mediações. Muita body art, treinamentos e fluxo.

Sonho com os alunos e eles sonham comigo.
Sigo vivendo, depois de todos esses anos, a intensidade, a vontade, e persigo a ingenuidade.
Danço muito e espero aprender sempre mais com eles e com meus amigos professores.
Evoé Dioniso, Cohen, Galizia, Burnier!


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